terça-feira, 30 de março de 2010

Meu Velório

Dizem que há coisas que não fazem muito bem a gente imaginar, mas algumas vezes nossa mente indomável não quer nem saber disso. Hoje estive imaginando o meu velório e queria que ocorresse algo nele.

Gostaria muito que em meu último adeus algum amigo – daqueles de verdade, que são pouquíssimos – se levantasse meio a choradeira geral e fizesse uma piada considerada de muito mau gosto, de preferência sobre minha terrível morte. É claro que o olhar de reprovação de alguns indicará que desejam enterrá-lo junto comigo – "Que momento mais inoportuno; falta de respeito". Mas não tem problema, pois certamente os mais próximos sorrirão, sabendo de minha aprovação por aquele ato. E não é falta de respeito com os meus familiares; é respeito comigo, que sempre imaginei a morte como uma piada. Vejam: temos planos para o dia seguinte, só que, de repente, por qualquer causa, morremos e, simplesmente, tudo aquilo que planejamos não vai dar pra fazer. Engraçado, né? Não? Pois é, talvez haja algumas piadas mais engraçadas. De qualquer forma, não queria que em meu velório houvesse tristeza, e, ser ela for inevitável, que ao menos por alguns instantes existam sorrisos, para quando, algum tempo depois, forem se lembrar de minha face gelada naquele caixão tenham motivo para sorrir.

2 comentários:

  1. Você não é o único a imaginar o velório. Há alguns dias, alguns amigos e eu discutíamos para saber em qual velório teria mais gente. Coisa estranha.

    Gostei do estilo de linguagem e dos temas abordados. Os textos são seus mesmo?

    Abraços.

    http://padaquipadai.blogspot.com/

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  2. Deixe de se iludir, bocó, ninguém tá nem aí se vc vive ou morre.

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